à todas e cada uma das mulheres
Resgatei essa imagem, guardada há anos, por simbolizar o momento atual: março, mês das mulheres, em que as discussões dão maior visibilidade à luta pelos nossos direitos.
Nela, estão as Cariátides – figuras femininas célebres e admiradas: seis mulheres como elementos arquitetônicos e estruturais que, de pé, apoiam o telhado da varanda do Erecteion, em Atenas. Formam o famoso Pórtico das Cariátides, que domina o lado sul do edifício.
As Cariátides
Levam o nome das moças de Karya, cidade da região espartana do Peloponeso, onde jovens foram escravizadas devido a um pacto de guerra com o povo persa. Segundo algumas interpretações, as Cariátides representam as elegantes sacerdotisas da deusa Diana, guardando o templo. Outras, ainda, as tem como seres exemplares de servidão eterna.
As Cariátides são famosas por sua beleza e frequentemente usadas como símbolos de feminilidade, força e resistência. De fato, as esculturas são lindamente esculpidas com feições harmoniosas, cabelos ondulados e vestes drapeadas - o ideal feminino da Antiguidade.
Em releituras atuais, os corpos-cariátides são representações de pessoas, no caso, mulheres “educadas para suportar”. E, temos de fato, suportado muito.
Na imagem que me inspirou este texto, vemos uma das Cariátides sentada: exausta de suportar, retrata cada uma de nós, as mulheres contemporâneas. Estamos muito cansadas.
As mulheres contemporâneas
Há séculos, as mulheres dão sustentação a sociedade. Desde o patriarcado são elas que criam, cuidam, trabalham, velam, protegem, além de dar à luz. Elas são os grandes pilares do mundo.
Sou eu sozinha quem carrega todo esse peso nas costas, isso ninguém percebe, ninguém valoriza.
Caio Fernando Abreu
Sim, estamos cansadas. Sofremos com desigualdade de gênero em todas as áreas, do trabalho à saúde, passando por educação, oportunidades e remuneração. Somos preteridas em financiamentos e promoções. Cuidamos, com pouca ou nenhuma ajuda, de nossos filhos e pais. Assumimos muitas responsabilidades. E vivemos sem segurança e apoio.
Mas, mesmo assim, resistimos, e vivemos mais que os homens. Resta saber a que preço pois, na maioria dos casos, não vivemos melhor do que eles.
Nossa forma de ser, pensar e agir, assim como nosso vestuário e comportamento, sofrem críticas constantes. E somos manipuladas para perpetuar a imagem jovem, bela e frágil. Eternamente. Isso gera um alto custo à nossa saúde mental. Somo mais sujeitas à stress, ansiedade e quadros depressivos.
Aos poucos, este patriarcado vem sendo combatido. E as mulheres levantam suas vozes em uníssono contra os desmandos, as injustiças, rompem tabus e preconceitos. Estão ocupando espaços onde as decisões são tomadas, podendo acelerar a conquista dos seus próprios direitos.
A jornada é longa, mas vem crescendo a cada geração. Que a igualdade, preservando nossa singularidade, venha logo. Antes que as outras Cariátides também se sentem. E o mundo desabe.
Observação: embora tenha pesquisado, não consegui encontrar o(a) autor(a) da umagem. Se alguém souber, por favor me avise para que possa dar os créditos à arte.