à todas e cada uma das mulheres
Resgatei essa imagem, guardada há anos, por simbolizar o momento atual: março, mês das mulheres, em que as discussões dão maior visibilidade à luta pelos nossos direitos.
Nela, estão as Cariátides – figuras femininas célebres e admiradas: seis mulheres como elementos arquitetônicos e estruturais que, de pé, apoiam o telhado da varanda do Erecteion, em Atenas. Formam o famoso Pórtico das Cariátides, que domina o lado sul do edifício.
As Cariátides
Levam o nome das moças de Karya, cidade da região espartana do Peloponeso, onde jovens foram escravizadas devido a um pacto de guerra com o povo persa. Segundo algumas interpretações, as Cariátides representam as elegantes sacerdotisas da deusa Diana, guardando o templo. Outras, ainda, as tem como seres exemplares de servidão eterna.
As Cariátides são famosas por sua beleza e frequentemente usadas como símbolos de feminilidade, força e resistência. De fato, as esculturas são lindamente esculpidas com feições harmoniosas, cabelos ondulados e vestes drapeadas - o ideal feminino da Antiguidade.
Em releituras atuais, os corpos-cariátides são representações de pessoas, no caso, mulheres “educadas para suportar”. E, temos de fato, suportado muito.
Na imagem que me inspirou este texto, vemos uma das Cariátides sentada: exausta de suportar, retrata cada uma de nós, as mulheres contemporâneas. Estamos muito cansadas.
As mulheres contemporâneas
Há séculos, as mulheres dão sustentação a sociedade. Desde o patriarcado são elas que criam, cuidam, trabalham, velam, protegem, além de dar à luz. Elas são os grandes pilares do mundo.
Sim, estamos cansadas. Sofremos com desigualdade de gênero em todas as áreas, do trabalho à saúde, passando por educação, oportunidades e remuneração. Somos preteridas em financiamentos e promoções. Cuidamos, com pouca ou nenhuma ajuda, de nossos filhos e pais. Assumimos muitas responsabilidades. E vivemos sem segurança e apoio.
Mas, mesmo assim, resistimos, e vivemos mais que os homens. Resta saber a que preço pois, na maioria dos casos, não vivemos melhor do que eles.
Nossa forma de ser, pensar e agir, assim como nosso vestuário e comportamento, sofrem críticas constantes. E somos manipuladas para perpetuar a imagem jovem, bela e frágil. Eternamente. Isso gera um alto custo à nossa saúde mental. Somo mais sujeitas à stress, ansiedade e quadros depressivos.
Aos poucos, este patriarcado vem sendo combatido. E as mulheres levantam suas vozes em uníssono contra os desmandos, as injustiças, rompem tabus e preconceitos. Estão ocupando espaços onde as decisões são tomadas, podendo acelerar a conquista dos seus próprios direitos.
A jornada é longa, mas vem crescendo a cada geração. Que a igualdade, preservando nossa singularidade, venha logo. Antes que as outras Cariátides também se sentem. E o mundo desabe.
Observação: embora tenha pesquisado, não consegui encontrar o(a) autor(a) da umagem. Se alguém souber, por favor me avise para que possa dar os créditos à arte.